sexta-feira, 1 de julho de 2011

Orinoco flow - Orquestra Sinfônica de Viena



Esta é a última edição da primeira temporada do Baú do Maestro. Ficaremos um tempo fora do ar, esperando voltar em breve.
E, como estamos na semana do ouvinte, e como nosso programa mais comentado foi o da releitura de uma peça chamada clássica em um formato chamado popular, hoje mostrarei para vocês uma música que faz uma releitura inversa: é uma composição considerada popular, tocada de forma erudita.
Trata-se da música Orinoco flow, da irlandesa Enya em parceria com Roma Ryan, com um arranjo original da Orquestra Sinfônica de Viena, na Áustria. Vejam como os instrumentos da orquestra soam tocando os acordes e o ritmo da new-age Enya. E ainda há participação de um coral.

Para saber mais sobre a Orquestra Sinfônica de Viena, clique aqui.
Sobre a Enya, aqui está o site oficial, em inglês, e informações em português aqui.

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 8 by flafon

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Forrobodó - Egberto Gismonti



Hoje é dia de São João, e de todos os tipos de música tocados nesta época, de longe o preferido é o forró, a ponto de ser considerado um dos símbolos das festas juninas.
Basicamente, o forró é tocado por três músicos: um sanfoneiro (ou tocador de acordeon), um tocador de zabumba, e outro tocando triângulo.
Existem várias versões para a origem do nome forró. Das três mais conhecidas, a primeira é que o nome vem de forrobodó, que na língua africana banto significa festa, arrasta-pé, farra. A segunda versão diz que, em húngaro, “forró” significa “quente”. Mas o que é que a Hungria tem a ver com isso, não é? E a terceira versão, a mais divertida, conta que engenheiros ingleses, que estavam em Pernambuco para construir uma ferrovia, promoviam festas “for all”, que em inglês significa “para todos”. E “for all” acabou virando forró...
Enfim, hoje eu tirei do meu baú um forró bem diferente, de um compositor que costuma fazer coisas diferentes: Egberto Gismonti. Ele utiliza aqui o mesmo ritmo típico que conhecemos, mas com uma instrumentação baseada em sintetizadores. A música se chama Forrobodó, e está na trilha da minissérie “O Pagador de Promessas”, exibida em 88 pela Rede Globo.

Para saber mais sobre o forró, clique aqui.
E sobre Egberto Gismonti, aqui, em português, e também aqui, com músicas pra ouvir, mas texto em inglês.

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 7 by flafon

sexta-feira, 17 de junho de 2011

John Cage & Tamba Trio



Em homenagem à Semana dos Namorados, tirei do Baú duas gravações sobre o Amor, mas também muito curiosas e até estranhas, assim como as loucuras da paixão.
Afinal, o que é a música? Uma definição bem completa é a seguinte: “Organização consciente dos sons dentro de um certo espaço de tempo”. Observe que esta definição é bem livre, pois permite que juntemos quaisquer sons para fazer música. Bom, não é bem assim; é preciso pelo menos que essa combinação sonora seja consciente, ou seja, feita com objetivo artístico.
A primeira música que vamos ouvir é do compositor norte-americano John Cage, e chama-se Amores I, tocada pelo Quatuor Hêlios, e faz parte do CD Works for Percussion (Trabalhos para Percussão). Note que, como diz o nome, são usados apenas instrumentos de percussão. Muito fora do convencional, não é mesmo?


Mas agora vamos ouvir uma que, embora seja mais fácil de assimilar, também leva ao limite a liberdade de criação. Trata-se de uma música que, assim como o verdadeiro amor, não tem fim. Chama-se Infinito, dos brasileiros Luiz Eça, Hélcio Milito & Bebeto Castilho, e é tocada pelo Tamba Trio. Veja que, enquanto é repetida uma base constante, vários detalhes vão acontecendo. Tente percebê-los todos.

Para saber mais sobre John Cage, clique aqui.
Sobre o Tamba Trio, clique aqui.

E, para completar, eis dois vídeos interessantes.
O primeiro, é do grupo norte-americano Stomp, que usa qualquer objeto para fazer música:



E este abaixo é da Orquestra de Vegetais, de Viena, na Áustria. Todos os instrumentos são feitos por verduras e legumes frescos. Estilos como free jazz e eletrônico experimental são tocados e, no final das apresentações, uma sopa de legumes é servida para o público. Legal, não é?



(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 6 by flafon

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Junho (Barcarola) - Altamiro Carrilho



Como estamos no mês de junho, é interessante notar a quantidade de músicas feitas em homenagem a este mês. No Brasil, é claro, há muitas músicas relacionadas às festas juninas, que, embora tenham tido origem em outros países, são muito populares por aqui.
Mas em todo o mundo encontramos manifestações culturais em torno do sexto mês do ano. Na Rússia, por exemplo, o compositor Pyotr Ilyich Tchaikovsky criou uma série de peças curtas para piano, uma para cada mês, e a que foi dedicada a junho, com o subtítulo Barcarola, tornou-se uma das mais conhecidas da coleção. Tchaikovsky viveu no século XIX, e ficou famoso por suas sinfonias, óperas e músicas para balés, como O Lago dos Cisnes, entre outras obras.
Vários músicos de todo o planeta já fizeram versões interessantes para a sua peça Junho. A que vamos escutar agora é bem brasileira: um dos melhores flautistas do país, Altamiro Carrilho, a gravou em ritmo de chorinho! Está no disco Clássicos em Choro, Vol. 1. Ele manteve toda a melodia e harmonia do original, adicionou uma instrumentação típica do nosso estilo, com cavaquinho, violão de sete cordas e pandeiro, e deu um andamento mais alegre à música.
Para saber mais sobre Tchaikovsky, clique aqui (em inglês).
E para saber mais sobre esta composição, clique aqui (em inglês).

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 5 by flafon

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Aqui, Allá y en Todas Partes - Los Cosos de al Lao



Vocês já imaginaram uma música dos Beatles tocada por um grupo de tango? Pois isto foi feito na Argentina, pelo grupo Los Cosos de al Lao.
Pra começar, o nome do grupo significa “Os coisas do lado”, e foi dado devido à quantidade de reclamações que eles recebiam dos vizinhos, quando iam ensaiar em casa. Os vizinhos se referiam a eles como “aquelas coisas que moram ao lado”, e assim surgiu o nome do grupo.
Já deu pra perceber que é um grupo bem humorado, que além de composições próprias costuma também fazer releituras divertidas de músicas famosas, tanto da cultura portenha quanto de outras partes do mundo.
E uma releitura é assim: toca-se a música, mantendo as características principais que a tornam reconhecível, mas adicionando elementos diferentes e, algumas vezes, bastante inusitados.
Nesta que vamos ouvir, Here, There and Everywhere, de John Lennon & Paul McCartney, eles colocaram um bandoneón, que é uma espécie de sanfona ou acordeon típico do tango (veja a imagem na capa do disco). Mas tocaram a música de uma maneira lenta, saudosista. De vez em quando percebe-se o ritmo do tango, mas com certa sofisticação, como se tivesse sido feita por Astor Piazzolla, que foi mais ou menos o Tom Jobim da Argentina. E, pra completar, traduziram o título para o espanhol, que ficou Aqui, Allá y en Todas Partes”.
Pra saber mais sobre o grupo Los Cosos de al Lao, visite o site deles, que, aliás, tem uma animação engraçada logo na entrada.

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 4 by flafon

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Mar - Cia. Barrica



Sabem, a música brasileira é uma das mais ricas do mundo, e isso na opinião de especialistas de todo o planeta. E, dentre as centenas de gêneros musicais de nosso país, um dos mais ricos é o Boi Bumbá. Porque ele mistura influências de várias culturas bem diferentes: o figurino vem das festas europeias, do homem branco colonizador; as percussões usadas na música são trazidas da África, herança do homem negro; e o jeito de dançar veio direto das tradições indígenas.
Naturalmente, hoje vários temas são usados nas composições deste estilo. Mas, originalmente, o Boi Bumbá é como uma peça de teatro popular, que conta a captura e a morte de um boi por fazendeiros. E o ponto alto é a ressurreição do Boi, quando todos dançam e cantam festejando em torno do animal.
Do ponto de vista da estrutura musical, a riqueza também é grande. Uma das principais características é a combinação de dois compassos rítmicos diferentes: enquanto uma percussão toca um compasso de três tempos, outra toca um compasso de dois tempos. O resultado é muito interessante, simultaneamente dançante e aconchegante.
A música que vamos ouvir hoje é O Mar, de Luís Bulcão, gravada pela Companhia Barrica, de São Luís do Maranhão, no disco Trupiada. A voz principal é de Inácio Pinheiro, e o arranjo é do meu amigo, o maestro Ubiratan Sousa. Observem mais um detalhe rico desta gravação: a presença de um violoncelo, instrumento de orquestra, tipicamente europeu, que traz uma doçura toda especial pra música.
Saiba aqui mais sobre a Cia. Barrica.

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Morillo Carvalho)

Ouça:
Baú do Maestro 3 by flafon

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Boi-bumbá - Jane Duboc & Sebastião Tapajós



Faz tempo que se fala na separação entre música erudita, ou clássica, e música popular. Na verdade, esta separação é fruto de preconceito, de ambos os lados, pois tudo é música, são usados os mesmos elementos, todas precisam de conhecimentos específicos, e tudo vale a pena ser ouvido.
Além disso, os termos são equivocados. Clássico, a rigor, significa algo do período do classicismo, o que deixaria de fora o barroco, o romantismo e tantas outras fases da história da música. Erudito é quem tem erudição, sabedoria, como se quem faz música popular não precisasse de conhecimento.
Hoje é muito comum ouvir uma composição chamada de erudita sendo tocada por um grupo chamado de popular, em releituras e arranjos que absorvem influências contemporâneas, e também o contrário: uma música considerada popular sendo tocada por uma orquestra ou outro grupo chamado de clássico.
E há vários compositores que não dá para classificar numa ou noutra categoria. Por exemplo, George Gershwin, Andrew Lloyd Weber, e no Brasil Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Egberto Gismonti... e, claro, o paraense Waldemar Henrique.
E como estamos na semana das cantoras da Amazônia, vamos ouvir agora uma composição de Waldemar Henrique, na voz de Jane Duboc, também paraense, que é uma das melhores técnicas vocais do Brasil. Ela está acompanhada por outro grande artista da Amazônia, o violonista Sebastião Tapajós. A música se chama Boi-Bumbá. Observe como ela não parece um bumba boi tradicional, devido ao tratamento erudito que recebeu na composição, e, ao mesmo tempo, como não parece uma canção lírica, pelo jeito como Jane e Sebastião gravaram.
Leia aqui uma entrevista interessantíssima com o maestro Waldemar Henrique.
Saiba aqui mais sobre Jane Duboc.
E aqui sobre Sebastião Tapajós.

(Transmitido pela Rádio Nacional da Amazônia, como quadro do programa Mosaico, apresentado por Juliana Maia)

Ouça:
Baú do Maestro 2 by flafon